sexta-feira, 27 de junho de 2008

O Volante Simpático

Vilson Antônio de Oliveira nasceu e cresceu em Porto Alegre. Tem 51 anos, faz 52 no dia 27. Mora com a família no Jardim Algarve, em Alvorada. Porém, um dos ônibus da linha Auxiliadora da Companhia Carris Porto-Alegrense é seu. Pelo menos de segunda a sexta, das 13h30min às 22h30min.

Nos fins-de-semana, comanda um dos novíssimos carros que percorrem o Centro da capital, sempre alternando entre sábado e domingo. É tranqüilo, bem-humorado, procura ver tudo pelo lado positivo. Algo incomum numa profissão que requer sete horas por dia ao volante.

Isso o ajuda bastante. As senhoras idosas o adoram. "É um dos poucos que freiam devagar e chegam bem do lado da parada", diz dona Evelina, 70 anos. Ele também gosta de ajudar os mais velhos a entrar e a descer do veículo. "É questão de educação", afirma. Vilson é tão simpático que costuma receber presentes dos passageiros mais assíduos. Certa vez, um fã seu lhe trouxe uma abóbora de pescoço. "Ele tinha um sítio, e um dia disse que iria me dar algo", diverte-se. "Mas tem uma velhinha que no natal dá 20 reais pra mim e pro cobrador."

Além de amigos, toda essa calma também garante uma ficha limpa. São poucos os acidentes em que se envolveu. E somente um por sua culpa. A empresa distribui cestas básicas aos melhores funcionários todo final do mês. Já ganhou várias, nem se lembra quantas ao todo.

Mesmo assim, o estresse é alto: "O trânsito é complicado. As pessoas não estão nem aí pra quem vêm do lado. A atenção deve ser máxima. É difícil agüentar a tensão e o nervosismo." Num dia desses, sucumbiu diante de uma crise depressiva. Foi ao psiquiatra e descobriu que tinha síndrome do pânico. Depois de um tempo de recuperação em casa, retornou ao batente.

Desde então tem tomado mais cuidado. Nas folgas, não quer saber de dirigir o carro da família. Quando pode, passa a tarefa ao genro, Felipe. Prefere ficar em casa e lidar com o seu hobby: a eletrônica. "Gosto consertar aparelhos e construir caixas de som e amplificadores. Fiz um para o computador dos meus filhos e outro para a gente assistir um filme no DVD", diz Vilson.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Uso de drogas é intenso na vila dos papeleiros

O consumo intenso de drogas é o principal problema da Vila dos Papeleiros. A entrada da comunidade é ponto de venda e de consumo de viciados em crack. Situada na Avenida Voluntários da Pátria, seu verdadeiro nome é Loteamento Santa Terezinha, em homenagem à paróquia que ajudou os moradores da antiga favela destruída por um incêndio em 2005.
Segundo Denise de Oliveira, voluntária no projeto Casa Brasil, a "pedra" têm livre acesso no local. E são mulheres que organizam e distribuem o produto da "firma". Entretanto, quem manda mesmo não é dali. "A maioria dos 'patrões' é de outra comunidade" afirma Denise.
Mas existem outras perversidades. O abuso sexual de menores e a prostituição infantil também geram conflitos. E os principais aliciadores são os próprios pais, padrastos e irmãos das vítimas. Porém, os aproveitadores de crianças não comercializam entorpecentes, e vice-versa.
O combate ao tráfico é realizado em conjunto pela Brigada Militar e pela Polícia Civil. Revistas são feitas a toda hora. Mas assim que terminam, a venda recomeça. Quase todos os dias, tropas do BOE investem no interior do conjunto habitacional. A tensão é grande no dia-a-dia devido aos enfrentamentos entre policiais e bandidos.

Loteamento Santa Terezinha tem novos projetos sociais

Segundo a Prefeitura Municipal, o Loteamento Santa Terezinha vem recebendo acompanhamento social permanente. Nos últimos dias, a Secretaria de Segurança Pública do Estado também está dando atenção ao local devido ao forte consumo de drogas no entorno da vila.

Ali já está situada uma unidade do projeto Casa Brasil, um convênio do município com a Caixa Econômica Federal. Esta iniciativa contém alternativas de lazer e cultura à comunidade, além de trazer a inclusão digital para os usuários. O espaço possui uma estrutura modular com telecentro, sala de leitura, auditório, estudo multimídia e laboratório de divulgação de ciências e informática.

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Esta matéria foi feita para um trabalho da cadeira Redação Jornalística, com o professor Leonan. A nota foi de 8,5.