sexta-feira, 14 de março de 2008

Suicídio

De que adianta fazer campanhas de conscientização de trânsito se só existe um meio regular de se viajar nesse país? Falar na tevê e no rádio que quem é afoito no trânsito tem ejaculação precoce não dá resultado, porque a pessoa afoita pode ser também impotente ou estar na menopausa. Ou quem consegue ficar calmo e paciente num congestionamento na BR-101? Desde o governo Juscelino Kubischek, só se investe no modal rodoviário neste país. As ferrovias foram literalmente eliminadas. Nos primeiros tempos, no final do século XIX e início do século XX, os trilhos foram feitos de uma bitola menor do que a usada no resto do mundo, pois tinha-se o medo de que a Argentina pudesse invadir o Brasil por trem. Isto é ridículo. Esse sistema faz com que hoje as locomotivas não possam ultrapassar os oitenta quilômetros por hora. Assim, mesmo com o que resta de linhas férreas, não se passa de São Paulo. Outra questão é o modal hidroviário. Com tantos rios navegáveis neste país imenso, por que eles não são navegados? Para se ter uma idéia de custo, usar um rio como meio de transporte é três vezes mais barato que uma estrada. É simples a explicação: não tem congestionamento, leva-se bastante carga com um rebocador pequeno e não precisa fazer manutenção na via, a não ser ter consciência ambiental. Com as ferrovias, a proporção de custo é duas vezes menor em relação às estradas. Além de ser mais rápido, é muito mais seguro. Ao usar esses modais, seria eliminada uma boa parte dos caminhões nas estradas. Esses veículos pesados massacram o asfalto, deixam as vias lentas, criando congestionamentos e gastos em manutenção ou duplicação que não seriam necessários se utilizássemos outros modais. Como diz aquela campanha, velocidade no trânsito é suicídio. Mas é um suicídio maior ainda somente usar a estrada, economicamente falando.

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